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Infiel

Infiel

despedidas

26
Jan08

 

 

Deixemo-nos de cinismo, não tenho como prioridade encontrar um gajo mas, não me importava de encontrar alguem que, minimamente me agradasse

Por vezes acho que sou demasiado exigente, ora será o discurso, ora os olhos, ora as mãos, ou o pikeno tem ou não tem a barba que me agrada Tenho sempre que encontrar alguma coisa que me desagrada, quando eu até gostava de encontrar tudo que me agradasse

Os tempos de caçadora já passaram, as tecnicas de caçar já não me seduzem, nem de fazer de presa me atrai (espero que seja só ressaca)

 

Estava de ferias, num País desconhecido em busca de mim mesma, de provar que ainda sou aventureira, que ainda sou capaz de fazer, de me ultrapassar Queria escutar o Mar Negro e saber se o seu idioma era diferente do Atlântico, se Neptuno me seguiria e me revelaria os seus misterios

 

Mas o Mar Negro é tão azul e cinzento como o Pacifico, mas é mais calmo, mais sedutor as suas ondas lambem devagarinho a praia com cadaveres de moluscos, o sangue salpica a areia e os passaros morrem de frio

 

Como se Neptuno me desse importância suficiente, enviou um jovem leão marinho a terra Saiu da agua como se fosse um gato molhado, os bigodes a brilharem, apoia-se nas suas patitas dianteiras me observando a menos de 50 metros

Fiquei tão estupefacta que nem me lembrei da Pentax, fiquei embriagada com os brilhos da pele negra, com o seu focinho curioso, com os olhinhos observadores

As criaturas marinhas vinham despedir-se de mim, já podia voltar á capital

 

 

 

praia de Mamaia, cascas de moluscos

 

 

 

Voltei de autocarro, um mini bus de 28 lugares, ar condicionado e com direito a uma smoking-break a meio da viagem, o mesmo preço que o comboio (11€), lá entendi que faltavam 20 minutos para a partida

 

A neve derretia em poças de lama, os passageiros escolhiam os seus lugares, os putos desgrenhados e sujos, estendiam as mãos para uma moedinha, lançavam-me injurias por os ignorar e não lhes dar "euros" A gaja da barraca vendeu-me agua com gas quando pensei que tivesse entendido que era sem gas, dei a garrafa aos putos (que a receberam com alegria disparatada) e entrei no autocarro, disposta a passar 2 horas sem fumar

Escolhi um lugar no fim do corredor, junto a uma janela onde podia acompanhar o pôr do sol, um minuto antes da partida entra um casal esbaforido

ao meu lado senta-se um senhor gordo, careca, transpirado e... ao seu colo um chihuahua pouco amistoso

 

De repente fui lançada para um avião, para voar para o meio da Amazonia, um avião sem ar condicionado, em que as galinhas eram transportadas dentro de cestos de palha mas, desta vez eu estava, na Europa, numa Europa em que os animais domesticos (ainda) não são obrigados a viajarem dentro de gaiolas e na bagajeira

 

O bicharoco até se portou bem, virou-me a cauda e só tinha olhos para a dona, no outro banco A dada altura que ele estava, visivelmente com sede, daí que mais irritado o dono, diz-me, com um sorriso de desculpa: "problemas, problemas" Eu sorri abertamente e mostrei-lhe a foto dos meus dois pastores alemães: "problemas seriam se fossem estes hehe"

ele entendeu e formou-se uma ligação de empatia, mostrou a foto á senhora e devolveu-a com um sorriso de compreensão

 

 

lá fora cada vez mais frio

 

 

 

 

 

p.s. aqui as fotos não parecem de grande qualidade, deixo-vos o link do album