"Tretas de merda, dá-me o meu jogo!"
Jamais perdoe!
Jamais perdoe uma ofensa. Perdoar é muito difícil. Temos que retirar um peso enorme, uma pedra, que nos sufoca e dói. E como gostamos de sofrer... Sofrendo, os outros nos fazem um afago e dizem "tadinho, foi ofendido..."
E se conseguirmos assim mesmo tirar o pedregulho e dizer "perdoamos", ainda assim dizemos lá no fundo, "perdôo a tua canalhice". E consideramos o ofensor, unicamente um "canalha".
E é por isto que insisto em dizer, JAMAIS PERDOE, porque é muito dolorido ter que conviver com um canalha pelo resto da vida. E além do mais, deixar de receber qualquer afago por isto...
Mas para não perdoar devemos primeiro entender porque somos ofendidos.
Quem é o ofensor, o canalha?
É alguém que cruzou nosso caminho e cometeu a enorme ofensa de nos atingir em uma das seguintes coisas:
Destruiu, tirou, levou, apropriou-se, furtou ou roubou algo material que sentíamos como "nosso", propriedade absoluta e indiscutível, que nos custou muito ou pouco ou que ganhamos.
E a "perda" deste objeto material nos fez doer o coração.
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Traiu ou fez com que alguém que consideramos como nosso, traísse a nossa compreensão do que deveria fazer. Alguém agiu de forma contrária ao que gostaríamos que agisse.
E esta "traição" de alguém possuído nos fez doer o coração.
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Contradisse algo que pensamos seja o certo e o correto. Disse, por exemplo, que o que pensamos esta errado. Alias talvez tenha mesmo dito que não existe o certo e o errado, o melhor e o pior, o espírito e a matéria. Diz que é igual, a religião que é de Deus e o ateísmo que é do diabo. Que o livro "tal" que nos sustenta a mente, a conduta e os sentimentos não contem toda a verdade. Que Hitler e Gandhi eram iguais (e também Saddam Hussein e Madre Teresa). É aquele que torce por um farrapo colorido enquanto torcemos por outro, no futebol, na política e na guerra.... É aquele que afirma que tudo o que existe é uma percepção e, portanto uma ilusão pessoal.
E esta perda de nossas "verdades" nos fez doer o coração.
Então chegamos a um ponto comum. O canalha é alguém que de alguma forma nos fez doer o coração. Mas como? É só isso? Mas o canalha é um canalha, oras!
Pode ser que para você ele seja um canalha porque fez doer o seu coração. O que em outras palavras significa que ele é um canalha para você. Um canalha particular, só seu, que você criou e com isto ficou ofendido e ao sofrer pode sentir o doce afago dos "amigos" quando dizem: "tadinho, foi ofendido pelo seu canalha particular e individual...." e que continuam tão "amigos" como antes de seu canalhazinho, porque não foram ofendidos por ele...
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Então temos um problema. O canalha não é um canalha. Porque para ser um verdadeiro, absoluto e indiscutível canalha, deveria ser para todos, sem exceção e durante todo o tempo. Meio canalha é como uma mulher meio-grávida, não existe.
E se não existe o canalha absoluto devemos procurar a canalhice não fora de nós, no "outro" que nos "ofendeu", mas em nós mesmos que percebemos o "outro" como "ofensor". E compreender porque nos sentimos ofendidos.
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E para isto temos que compreender que as três causas apontadas acima para que criássemos em nossa mente a figura do ofensor foram geradas unicamente por nós mesmos. E que foram consequência de nosso sentimento de "posse".
Possuímos as coisas materiais e se alguém as tira de nós, sofremos. Não pelo objeto e sim por nosso sentimento em relação ao objeto.
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Possuímos as pessoas, os sentimentos das pessoas, e se há alguma modificação neste sentimento, sofremos. Não pelo outro, mas por nosso sentimento de "perda" do sentimento alheio (ou o que imaginamos fosse o sentimento alheio).
Possuímos o saber, os conceitos. E se alguém nos contradiz, sofremos. Não pela alteração que um conhecimento diferente possa causar no mundo, mas pela nossa sensação de sentirmos que alguém nos fez ver que estamos "errados" e não mais "certos".
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Resumindo, sofremos apenas porque insistimos em possuir, coisas, pessoas e conhecimentos. E em consequência de nossa posse passamos a criar e cultivar os ofensores e os canalhas privativos de cada um.
Visto assim, podemos resolver a questão do perdão afirmando simplesmente, "não perdoe mas jamais se "sinta ofendido" e portanto não tenha a quem perdoar". Não existem canalhas universais de plantão só para lhe ofender, a não ser em sua mente.
No entanto ainda resta um aspecto a considerar.
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É o fato de que sempre, a cada instante, existe algum "outro" nos agredindo em uma das três áreas acima. E a cada instante somos chamados a criar mais um canalha particular e individual. E mesmo se nos desligarmos das "posses" e portanto não sentirmos as ofensas, algo dentro de nós nos dirá a cada instante: "esta havendo uma tentativa de ofensa" e neste momento devemos sempre, agradecer a Deus pela oportunidade de passar por mais esta prova. Prova, como todas, criadas por Deus unicamente para nos permitir testar-nos, verificar se conseguimos superar a posse e a tendência a criar canalhas particulares.
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Porque o ilusório canalha que ilusoriamente nos ofendeu e a quem não temos o que perdoar por que simplesmente não houve ofensor, ofensa e ofendido é o enviado divino que indica o caminho de nossa evolução.
Cada um é soberano em seu reino particular, para passar por suas provas com Deus ou sem Deus e nisto consiste todo o livre arbítrio do ser humano.
estudantesespiritas
e desisto de tentar formatar o texto porque estou com sono e ainda tenho de digerir a informação *****************************************